Importadores Aceleram Compras de Café Brasileiro Antes da Tarifa de 50%

Empresas e traders americanos estão em uma verdadeira corrida contra o relógio para garantir que o café brasileiro chegue aos portos dos Estados Unidos antes do dia 1º de agosto. A partir dessa data, entra em vigor a nova tarifa de 50% sobre todas as compras e importações vindas do Brasil (e o café entra no bolo), determinada pelo governo Trump. A medida ameaça não apenas encarecer a tradicional xícara de café dos consumidores, mas também bagunçar o fluxo global do produto.

Corrida para Desembarcar Antes da Tarifa

Para evitar o impacto imediato da nova taxação, diversas empresas estão redirecionando navios no meio do caminho e até cancelando escalas em outros portos. Dessa forma, tentam garantir que os contêineres cheguem logo aos Estados Unidos sem precisar pagar a tarifa extra. Alguns importadores, por exemplo, decidiram transferir cafés que estavam armazenados no Canadá e no México – inicialmente destinados ao consumo nesses mercados – para o território americano antes da virada do mês.

Ainda assim, nem todas as cargas conseguiram acelerar o trajeto. Jeff Bernstein, diretor da RGC Coffee, explicou que parte dos embarques foi antecipada, mas outros lotes não tiveram tempo hábil para mudanças. Enquanto isso, compradores locais já começaram a divulgar tabelas de preços com o acréscimo de 50% nos custos de qualquer remessa prevista após 1º de agosto.

Essa corrida não é apenas estratégia comercial. O Brasil, afinal, fornece cerca de um terço de todo o café consumido pelos Estados Unidos. Portanto, qualquer gargalo no abastecimento afeta tanto cafeterias quanto redes de supermercados.

Café Mais Caro e Incertezas no Mercado

Os americanos já sentiram no bolso os primeiros reflexos da escassez global. No último ano, o preço do café disparou 70% por causa de quebras de safra no Brasil e no Vietnã, principais exportadores mundiais. Dessa forma, o mercado chegou ao primeiro semestre de 2025 em um cenário de preços historicamente altos. Agora, com o anúncio da tarifa, a expectativa é que o custo suba ainda mais.

Segundo Steve Walter Thomas, presidente da importadora Lucatelli Coffee, essa taxação equivale a um imposto que prejudica diretamente empresas e consumidores americanos. Para ele, a medida não afeta o governo brasileiro, nem produtores do Brasil, mas cria um “risco existencial” para quem importa café nos Estados Unidos.

Enquanto isso, cooperativas brasileiras como a Expocacer informam que não será possível renegociar contratos que já tinham previsão de entrega após agosto. O presidente da cooperativa, Simao Pedro de Lima, destacou que nenhuma nova venda foi fechada com compradores americanos depois do anúncio de Trump. Ele explicou que a tarifa é de responsabilidade exclusiva dos importadores, que terão que repassar os custos ao consumidor final.

Rota Global do Café Deve Mudar

Se a taxação realmente entrar em vigor, o fluxo mundial de café precisará de ajustes imediatos. É provável que parte da produção brasileira passe a ser direcionada para a Europa e a Ásia, enquanto os Estados Unidos buscarão suprimento extra na África, América Central e América do Sul. Embora pareça uma solução simples, na prática essa mudança vai exigir adaptações logísticas, renegociações e, consequentemente, custos adicionais.

Alguns traders, que preferiram não se identificar, disseram que grandes redes como Starbucks, Dunkin Donuts e Tim Hortons utilizam blends com significativa participação de café brasileiro. Por isso, a substituição pode levar meses e impactar desde a qualidade do produto final até o valor pago pelo consumidor.

Além disso, mesmo que novos fornecedores sejam encontrados, a escala da produção brasileira é difícil de igualar. Afinal, o Brasil é líder mundial em volume e qualidade, especialmente no café arábica, reconhecido por seu sabor suave e menos amargo que o robusta, cultivado em outros países.

O Consumo Diário e os Próximos Passos

A Associação Nacional do Café dos EUA não comentou oficialmente a tarifa, mas reconheceu que o café é parte fundamental do dia a dia dos americanos e tem importância econômica expressiva. Estima-se que dois terços da população adulta do país consuma café todos os dias. Nesse contexto, a alta de preços pode ter reflexos tanto no varejo quanto na cadeia produtiva.

Enquanto isso, importadores e torrefadores seguem atentos. Alguns ainda mantêm esperança de que acordos comerciais amenizem a nova taxa. Outros já começam a revisar contratos e preparar repasses de custos ao consumidor.

Com o prazo se aproximando, a única certeza é que, nas próximas semanas, o café brasileiro será protagonista de uma reviravolta no comércio internacional – e, inevitavelmente, nas xícaras de milhões de americanos.


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Fonte: Reuters

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Fabricio Eller

Fabrício Eller é Chef de Cozinha e fundador do Casebre do Jack, restaurante referência em carnes na brasa. Compartilha sua vivência na cozinha profissional nas redes sociais e no site Cozinha Base, onde publica conteúdos sobre gastronomia, gestão e negócios ligados ao setor. 

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Fabricio Eller é chef de cozinha e fundador do Casebre do Jack, restaurante referência em carnes na brasa. Compartilha sua vivência na cozinha profissional nas redes sociais e no site Cozinha Base, onde publica conteúdos sobre gastronomia, gestão e negócios ligados ao setor.

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